terça-feira, 22 de maio de 2012

Lenda Sombria: O Fantasma do Cemitério de Paqueta



Na cidade de Santos inúmeras lendas existem em torno do cemitério de Paquetá. Talvez a mais impressionante delas e porque não dizer a mais triste seja sobre Maria Cerejeira. Durante o início do Século passado, muito se disse sobre a aparição de uma mulher vestida de luto que vagava infeliz no cemitério, nas manhãs frias de Julho.
Segundo um jornal local inúmeras pessoas na época afirmavam ter visto a estranha aparição. A alma atormentada seguia infeliz pelas vielas, iluminadas pela tênue luz dos lampiões a gás a chorar infeliz e vestida de negro.
A tensão entre os moradores cresceu e muitos acabaram por passar a noite em torno do assustador e gigantesco cemitério esperando encontrar-se com o espírito que assombrava o local. Neste texto, conheceremos a lenda sobre esta misteriosa assombração que confundiu e amedrontou a bela cidade de Santos no início do século passado...


A Lenda: Maria O EsPírito Que Vaga
Maria era uma jovem bonita ia todos os dias a Igreja como era costume de sua família muito religiosa. Fazia orações e retirava-se para sua casa para ler as revistas de moda. A jovem era esperta e um tanto quanto despojada para os costumes da época. Isto deixava Mario, o seu pai, já idoso, extremamente zangado. A jovem, com beleza estonteante, encantava os rapazes da cidade e era cobiçada nas festas que a família frequentava. No entanto, Mario achava isto inoportuno, pois possuía grande medo de que a bela jovem ficasse mal falada perante a sociedade e graças a isto, o velho, mau humorado, tentava a todo custo conter os anseios da delicada garota.
No entanto, Maria, quando assistia as missas na bela Basílica da cidade, encantava-se, com o passar do tempo, com a beleza e o carisma do novo sacristão da bela igreja. Um homem era belo de cabelos negros escuros e pele bronzeada. Enquanto o belo rapaz pronunciava os textos em latim, certo dia, em uma manhã fria, enquanto via a missa, Maria pegou-se suspirando, enternecida com os encantos do jovem. E então, naquela noite fria de inverno, enquanto contorcia-se em seu quarto tremula de ansiedade, a bela jovem descobriu-se apaixonada pelo sacristão.
Enquanto os dias passavam-se, a bela jovem, aflita e apaixonada, tentava ansiosamente conter-se na frente do sacristão. O jovem encantava-a, e assombrava suas noites gélidas em seu quarto no casarão, trazendo estranhos pensamentos pecaminosos para a intimidade do quarto da garota. Certa tarde, Maria, não mais suportou. Decidiu declarar o seu amor ao rapaz em um acesso de loucura. Caminhou aflita até a basílica e encontrou o jovem rapaz limpando um castiçal de prata. Quando o belo rapaz encarou-a com os olhos acinzentados e profundos, a jovem ansiosa, sentiu as pernas perderem as forças. Mas estava decidida a contar-lhe sobre seus sentimentos e descobrir se era de alguma forma correspondida.
Armando, o padre, ficou surpreso por receber a visita da jovem. E perguntou-lhe atentamente em que podia ser útil.
- Eu... preciso dizer-te uma coisa.- disse a bela jovem que parecia aflita e ansiosa.- Podemos ir até a sacristia? –perguntou-lhe a jovem que sentia-se intimidada pelas imagens que pareciam observa-la com desaprovação.
- Porque não?-perguntou-lhe o rapaz com um sorriso no rosto.- Siga-me.
Os passos de ambos retumbaram pelo local sombriamente. A moça pensava seriamente sobre desistir. A sacristia estava limpa e bem arrumada. O rapaz pediu a jovem para que sentasse-se e com os olhos curiosos interpelou-a em silencio sobre o motivo de sua visita.
- Eu realmente sinto muito. –disse-lhe a moça.- Mas estou enamorada por você. Não mais consigo dormir ou pensar em outra coisa, Armando. Meus pensamentos sempre direcionam-se a você! Estou enlouquecendo. Eu sei que isto é errado. Eu sei que é um grande pecado. –disse a jovem colocando delicadamente a mão sobre a do sacristão.- Mas eu precisava que soubesse. Eu... nescessito ser correspondida. Eu necessito dos teus olhos, do teu sorriso. Eu nunca amei ninguém pois sou nova e inexperiente... Mas estou a arder-me de desejo pelo senhor. Por favor, padre, não repudie-me. Apenas retribua-me este amor que é tão grande... –disse a jovem com os cálidos olhos azuis a brilharem com resolução e veemência.
- Esta louca! –exclamou o homem de-repente corado e confuso.- Vem até a Igreja para dizer-me barbaridades como esta? Como pode senhorita! –exclamou perplexo.- Retire-se daqui agora mesmo! –exclamou horrorizado. A jovem, congelada de vergonha, saiu da sacristia a passos largos, abandonando o jovem padre assustado no gélido local.
Naquela noite, em seu quarto, o sacristão não pode deixar de lembrar-se das palavras de Maria. E foi invadido por desejo e loucura. Ao lembrar-se dos olhos e das palavras da jovem, seu corpo respondia de forma pecaminosa e sombria. O homem bateu os joelhos sobre o altar e começou a rezar pedindo para que se afastasse a tentação da beleza daquela mulher de seus pensamentos. Para que se afastasse de sua mente imaginativa, as palavras doces e encantadoras daquela mulher que era movida pelo mal. Ele precisava esquece-la. Não podia permitir que aquela jovem se interpusesse contra os votos que fizera. Mas de nada isto adiantou-lhe. Pois ele percebeu que a jovem despertava-lhe de forma misteriosa, os instintos mais irracionais  e primitivos.
Antes que pudesse perceber viu-se caminhando até a casa da jovem para falar-lhe movido de más intenções que nunca julgara conhecer. Ao chegar na casa da jovem apertou a campainha, mas assustado e arrependido virou-se para voltar para a casa paroquial antes que fosse notado. Como fora tão intempestivo e deixara-se mover pelo desejo daquela maneira?
- Padre. Que bom ve-lo. –disse Mario o pai de Maria sorrindo alegre.
- Olá. –disse o homem apreensivo.
- O que deseja em minha humilde moradia?-perguntou-lhe o homem.
- Vim ver Maria. –disse o rapaz sem saber por que motivo tomado de súbita coragem.- Ela esta bem?
- Sim. –respondeu o homenzinho.- Mas recusa-se a comer e esta desde ontem trancada no quarto. Eu não sei o que aconteceu-lhe, mas esta muito deprimida. –disse o homenzinho como se estivesse a acreditar que ele soubesse do padecimento a garota.- Eu estou de saída para comprar um chá. Entre padre. Faça-lhe companhia. Talvez possa abrandar sua angústia.
Após Mário desaparecer na esquina, Armando subiu a escadas apreensivo. Encontrou Maria pálida deitada com uma esvoaçante camisola branca  na enorme cama de seu belo quarto. A jovem  olhou-o confusa:
- Porque veio?-perguntou sádica.- Deseja tripudiar de meus sentimentos novamente?
E neste instante levantou-se irônica:
- Acha que sou uma qualquer?- disse a jovem levantando-se debilmente.- Eu o amo padre. E não quero mais viver se não ao seu lado. –disse ela aproximando-se vacilante. Neste instante caiu sem forças, mas foi amparada pelo rapaz. E então beijaram-se ardentemente sobre a luz tênue do lampião. Ele despiu a ambos e sobre os lençóis aconchegantes da cama consumaram seu amor.
Alguns meses passaram-se e Maria passou a ter enjoos, e a sentir-se terrivelmente indisposta. Numa noite escura e sombria foi encontrar-se com o padre:
- Estou gravida. –disse com a voz trêmula.- Tenho os sintomas! –exclamou horrorizada.
- Oh céus!- ele exclamou abraçando-a e consolando-a naquela noite sombria. E então em meio as luzes tênues, o jovem prometeu:- Amanhã eu falo com o seu pai. Largarei a batina e nos casaremos. –prometeu o rapaz friamente. A jovem mais animada seguiu para sua casa certa de que o sacristão manteria sua promessa e que de alguma forma ruim, as coisas ao menos resolveriam-se. No dia seguinte, no entanto, o rapaz não apareceu e nem no outro ou no outro. Desesperada, a jovem caminhou apressadamente até a casa paroquial, onde soube que o padre havia mudado-se e deixado-lhe uma carta:
“ Querida Maria
Não me procure. Não posso viver com a vergonha de ter traído meus votos. Estou sentindo-me imundo e acredito que estou enlouquecendo de receio. Estou partindo para longe por estar desesperado e infeliz. Não me procure para falar deste filho se não quiser que eu o negue. Espero que compreenda que o que se passou entre nós foi apenas uma noite feliz da qual arrependo-me terrivelmente e não quero envergonhar a minha família. Peço desculpas, mas não desejo conhecer esta criança. Sem mais.
Armando”
Assustada e infeliz, Maria contou ao pai sobre o bebê com o padre. O homem furioso, expulsou-a de casa e agora a jovem passou a viver nas ruas com o pouco dinheiro que seu primo mandava-lhe para sobreviver. Com o tempo foi ficando fraca e com fome. A barriga estava grande e o corpo terrivelmente dolorido. Nas ruas Maria era desprezada e mal falada pelas pessoas. O primo, um rapaz bom e caridoso, ofereceu-se pedi-la em casamento para salvar-lhe a honra. Mas a jovem não aceitou relutante por ainda amar ao padre desaparecido ardentemente.
Maria morreu nas ruas. E seu espírito foi condenado a vagar pela terra como castigo por seu amor pecaminoso. Há quem diz, que no cemitério, onde foi enterrada, nas noite frias de inverno, Maria vaga, chorando por seu filho, que nunca teve oportunidade de nascer.

O Mistério
Ainda permanece o mistério sobre as aparições da pobre Maria no cemitério de Paquetá. Muitas pessoas afirmam tê-la visto de luto a abrir os portões do cemitério e a caminhar pelas ruas da cidade chorando pela morte de seu filho. Muitos são céticos e acreditam piamente que não há a possibilidade da existência de espíritos ou fenômenos sobrenaturais. Mas ainda existem pessoas que tem dúvida repassam até os dias de hoje, a vida de Maria Cerejeiro e sua assustadora História Sombria...

Um comentário:

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