sábado, 14 de abril de 2012

História Sombria de Hoje: O Acidente (2)

Na História Assombrada de hoje prosseguimos com a história de Vivi, que após sobreviver a um tragico acidente agora encontra-se em um hospital para a recuperação. Neste epísodio nossa pacata dona de casa terá uma premonição estarrecedora. Poderá ela impedi-la de concretizar-se?

Parte Dois


Viviane era uma mulher bela para sua idade. Possuia dois belos olhos negros e cabelos castanho dourados. Depois do acidente com seu marido, teria sua vida mudada de forma brusca. A primeira premonição que ela teve foi no hospital, ela estava deitada sobre a cama conversando com Demétrio quando de-repente ela escutou uma voz rouca e sombria dizer-lhe: Água No Japão. Ela sentiu um calafrio. Demétrio, seu filho, notou sua fisionomia agitada:
- O que houve mãe? Parece-me apreensiva.
- Hoje. Pessoas vão morrer. Muitas delas. No Japão hoje.
Demétrio sorriu desconfiado:
- A senhora quer um copo de suco?- disse ele.- Não comeu desde o acidente.
- Seu pai morreu! –exclamou Vivi com cólera.- Seu pai esta morto Demétrio! Não sabe o quanto estou infeliz. –disse ela bruscamente.- Acredite em mim. Eu também teria morrido se não houvesse saído daquele carro. Eu também estaria carbonizada naquela droga de despenhadeiro se não fosse por meu instinto.
Ele sorriu tranquilizadoramente:
- Esta tudo bem agora mãe. Você esta viva e estou aqui. Do seu lado. Nada de mal aconteçerá-lhe. A morte horrível de papai deve ter-lhe sido muito difícil. Sei que esta inconformada. Mas farei de tudo para que possamos de alguma forma lidar com isto. Nós conseguiremos superar mãe. Eu prometo-lhe.
- Uma coisa ruim vai acontecer no Japão! –exclamou Vivi nervosa. – Esteja certo disto querido! Eu o sei de alguma forma. Algo ruim esta para acontecer! Algo ruim esta a solta e quer mortes! Muitas mortes. Centenas talvez!
Demetrio era alto de grandes olhos negros, cabelos louros e pele bronzeada. Naquele momento o rapaz encontrava-se preocupado com a mãe. Sua mãe não falava muito e parecia de alguma forma aterrorizada e arredia. Ele não entendia o que estava havendo. O que lhe afligia. Ela dizia haver tido sensações estranhas sobre a própria morte antes de o carro ser arrastado pela encosta com o caminhão. No entanto Demetrio não conseguia acreditar muito sobre sua mãe estar tendo visões ou premonições. Isto era coisa de filme. Era simplesmente uma grande loucura! Talvez Viviane houvesse considerado a possibilidade de um acidente por causa da chuva, e agora de certa forma sentisse-se culpada pela morte do marido.
- Demétrio! –exclamou Viviane.- Por favor! Acredite em mim! Talvez possamos evitar estas mortes! Temos de falar com a polícia!
Neste instante a porta abriu-se e Helen, a namorada de Demétrio entrou:
- Olá. –disse a jovem com um sorriso feliz no rosto.- Eu trouxe algo para comermos.
Naquela tarde Helen ficou com Viviane cuidando-lhe enquanto  Demétrio tomava banho no hotel. Eram dez horas quando uma jovem misteriosa entrou no quarto. Ela gargalhou assustadoramente. Usava uma túnica hospitalar e sorria macabra:
- Você sabe.- disse com um sorriso sombrio.- Eu sei que você sabe. Apartir de agora sempre saberá!
Helen olhou a mulher assustada. Vivi sentiu um arrepio percorrer seu corpo. Algo lhe dizia que aquela mulher misteriosa que adentrara no quarto subitamente era de alguma forma como ela. Era como se houvesse uma energia na mulher que fizesse com que identificassem-se. A mulher continuava a repetir:
- Você sabe. –disse sombria.- Eu sei que você sabe. Eu sei de tudo. Eu sei sobre o mal! E o mal esta atrás de você! O mal está atrás de você.
Neste instante algumas enfermeiras entraram no quarto e seguraram a mulher:
- Sofia, acalme-se querida. –diziam.- Precisa voltar para o quarto! Esta tudo bem.
- As vozes irão atormenta-la. –dizia a mulher misteriosa.- Irão enlouquece-la. Eu tenho um dom e você também tem. São dons diferentes. –gritava tentando soltar-se da enfermeira. - São dons muito diferentes. Eu posso sentir quem sabe. Você... você é quem sabe. Você esta em perigo.- dizia enquanto as enfermeiras arrastavam –a pelo corredor e Vivi ficava a encarar-lhe encostada na porta.- Tome cuidado! A coisa irá pega-la. A coisa irá pega-la se tentar impedi-la!
Assombrada pelas palavras da misteriosa mulher, algumas horas depois em seu quarto Viviane tentava alertar Helen sobre as mortes no Japão:
- Algo vai acontecer no Japão! –exclamou a mulher.- Precisamos impedir, menina!
Percebendo a aflição e a angustia de Vivi, Helen disse:
- Tudo bem. Ligaremos no jornal da tarde para que a senhora veja que não esta acontecendo nada no Japão. – disse sorrindo alegre.- Veja só. –disse a jovem ligando o aparelho de t.v. com o controle remoto. Assustada Viviane pegou um copo de água sobre a mesa e assistiu ao jornal aflita enquanto os apresentadores davam as notícias do dia sem mencionarem o tal desastre no Japão. A senhora sorriu aliviada quando o noticiário finalmente terminou.
- Viu? Não houve absolutamente nada nada no Japão hoje. E acredite em mim,- tagarelava a jovem enquanto começava a folhear uma revista de fofocas. – Se há um país propenso a mortes trágicas este país é o Japão. Fiquei até preocupada com uma possível morte no país. –disse fechando a revista. – A senhora daria crédito as visões. Mas não houve nada. O Japão não foi devastado por uma tragédia de centenas de mortes! Agora descanse um pouco que esta tudo bem. –disse a jovem reconfortantemente com um sorriso acalmando momentaneamente a senhora. No entanto, as palavras sinistras da mulher da ala psiquiátrica, ressoavam ainda em sua mente, agourentas... estarrecedoras... suplicantes... lúcidas...
Mais calma Viviane passou parte da tarde com Helen conversando animadamente. Já eram duas horas quando a enfermeira veio trocar os curativos que cobriam os cortes profundos que a mulher fizera nas mãos enquanto tentava desesperadamente quebrar os vidros do carro tentando fugir. Mas assim que a enfermeira saiu, Viviane voltou a ficar agitada:
- É agora. –disse de-repente.
- O que disse?
- Eu não disse nada. –respondeu Vivi que cochilava sobre a cama. Mas a jovem e bela  Helen de alguma forma teve a estranha impressão de ouvir  a mulher dizer algo. E  de alguma forma, a garota que cuidava pacientemente da sogra naquela manhã húmida e ao mesmo tempo ensolarada, pensou assustada, enquanto folheava animadamente a revista de amenidades, se as premonições que sua sogra dizia ter de forma tão lúcida não poderiam de alguma forma realizarem-se. Ela nunca vira a sogra arredia daquela maneira. Era como se forças ocultas a incomodassem. Poderia de alguma forma estar certa quanto a uma possível tragédia no Japão. Poderia isto realizar-se?
E realizou-se. Naquela tarde quando Demétrio voltou  de casa para ficar com a mãe , esta já mais calma, deitada sobre a cama, percebendo o rosto estranho do filho perguntou:
- Querido. Não aconteceu algo em especial, aconteceu?-perguntou a senhora de-repente tomada de medo.
Ele olhou-a. Estava nervoso e constrangido:
- Aconteceu uma coisa horrível hoje...- disse ele assustado. Helen que acabara de voltar para uma nova visita sentava-se ao lado do rapaz.
- Dona Viviane. Desculpe-nos por não acreditarmos na senhora.
Demétrio bateu com força contra o ombro da jovem cutucando-a:
- Ora! Foi apenas conhecidencia, meu amor! Só isto!
- O que houve? –perguntou Viviane. Será que estavam certas as suas suspeitas. Será que...- Houve um tsunami no Japão. –balbuciou a mulher constrangida.
- Sim mamãe. –disse Demétrio desconfiado.- Estão todos comentando.
Naquela noite, em todos os notíciarios falava-se apenas sobre o tsunami causado por um terremoto em grande escala que causara incontáveis vítimas.

#####
Felipe arrastava-se pelo seu quarto. A boca roxa sorria malignamente, os olhos esbugalhados olhavam-na  sombrios. Ela observava o marido sem acreditar em como era bom ve-lo novamente, em vê-lo vivo ao seu lado. No entanto ela não conseguia reconhece-lo. O rosto trazia uma expressão sorridente, um sorriso estranho e macabro nos dentes muito brancos. A pele estava roxa e inchada. Mas o sorriso era perturbador. Ela nunca vira o marido sorrir daquela forma. Era uma espécie de máscara doentia e enlouquecida que cobria o rosto de Felipe agora.
- O que quer?-perguntava ela, no entanto ele continuava a segura-la com uma força descomunal nas mãos ossudas e apenas gargalhava e gargalhava enquanto ela tentava soltar-se desesperadamente.- O que quer? –perguntava ela tentando esquivar-se dos dedos ossudos e do sorriso malévolo.
- Eu vou pega-la. –finalmente disse ele com uma voz áspera e rouca.- Eu vou pega-la. Não pode esconder-se. – dizia Felipe.- Não poderá salva-los! Eu vou pega-la! Vou pega-la! Juro!- e segurava-a gargalhando e puxando-a até que ela viu fogo, muito fogo e ele levava-a entre o fogo e as trevas e ela era queimada e engolida pelas chamas.
Viviane acordou assustada. Logo percebeu que estivera sonhando. Seu corpo estava molhado e um pesadelo antigo lhe voltou a mente. O acidente em que quase morrera a um mês atrás voltou a sua mente. E então ela lembrou-se também da visão das mortes no Haiti. A coisa pegara varias pessoas no Japão. Ela sentiu um calafrio, levantou-se e foi até a cozinha tomar água, haviam se passado varias semanas após o acidente na colina e desde então, não havia sido incomodada novamente por quaisquer maus presságios. Mas ela sabia que a coisa queria mais vítimas e que logo ela seria alertada. E talvez desta vez conseguisse impedi-la.
- Mamãe? Esta bem? Eu a ouvi gritando lá no quarto. –disse  Demétrio preocupado.
- Apenas tive um sonho ruim. –disse a mulher forçando um sorriso.- Vá dormir querido. – o rapaz afastou-se apressadamente e ela se sentou sobre a cadeira ofegante. Não queria voltar a dormir. Talvez a coisa ainda estivesse por perto... Talvez fosse melhor espera-la ir embora... 
...Dormir não era mais seguro...

 Continua...



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