Na História Sombria de hoje conclui-se a história de Vivi. Em um final surpreendente a pobre mulher lutará pela própria vida em um desenlace tragico e deveras arrepiante. Veja agora o final desta história de de perigos nefastos e descubra a revelação perturbadora que trará a tona tudo o que nossa heroina mais temia...
Fogo.
Era
tudo o que ela podia ver. Muito fogo. O incêndio alastrava-se por todos lugares
imaginaveis. Pessoas gritavam desesperadas. As chamas invadiam o salão impiedosas
e bruxoleantes. Pessoas gritavam e saltavam das janelas. A fumaça suvocava-a. É você. Deve morrer vadia. Dizia a
coisa em sua mente. Vai morrer. Pagar
por sua ousadia! Viviane estava caída e ofegante em meio a fumaça ardente. Demétrio segurava-lhe a mão. Ela
precisava sair dalí. Urgentemente. Neste instante uma enorme coluna de mármore
caiu sobre eles. Demetrio ficou preso entre as ferragens. Foi então que a
explosão matou a ambos.
- Mãe? A senhora
esta bem?-perguntou Demetrio sorrindo. Vivi olhou em torno de si aflita, passou
as débeis e longas mãos sobre a cabeleira ruiva. Demetrio encarava –a atento.-
Escutou o que acabei de dizer sobre as partidas de tênis do clube?
- Eu tive outra
visão.- disse ela com medo.
- Outra visão? Ora
mamãe. Não vá meter-se em uma nova encrenca como a alguns meses atrás quando aquele louco tentou
mata-la. Acredito que é hora de a senhora começar a guardar estas premonições
somente para si mesma. Depois daquele episódio terrível com aquele psicopata,
tenho certeza de que a senhora não deve mais tentar impedir estas tragédias
horrendas. Espero que os últimos acontecimentos tenham de alguma forma
servido-lhe de lição. Não devemos insistir sobre mudar o destino. É uma vontade
maior sobre certas vidas terminarem como esta escrito por Deus. Não devemos
tentar mudar o que já esta escrito nas linhas do destino. Estou certo de que
deve tomar isto por lição.
Vivi continuava com
os olhos negros fixos no nada. Os dois encontravam-se na aconchegante sala de estar do exuberante
sobrado que com a morte de Felipe, passava agora a pertencer a Vivi e a
Demétrio. A porta que dava para o agradável jardim estava entreaberta e o sol
de verão entrava-lhe pelas vidraças delicadas. Vivi sentada no aconchegante
sofá de couro, olhava para o nada apavorada. Disse:
- Eu sonhei com a
nossa morte Demétrio. Eu sonhei com um incêndio em que ambos perderemos as
vidas de forma trágica.
Neste instante
ouviu-se o som da campainha ecoar pela bela sala de estar.
- Deve ser Helen.
–disse Demétrio levantando-se apressado. – Depois conversamos sobre isto mãe.
Hoje é sábado. Nada de mal pode acontecer em um dia lindo como este. Até
mais!- e antes que Viviane pudesse
argumentar o rapaz já colocara os óculos escuros sobre o rosto e atravessara a
porta alegremente.- Mãe. –disse ele colocando o braço sobre o ombro de Helen.-
Porque não vem conosco? –perguntou o rapaz notando logo teimosia no rosto triste
da mulher.- Prometa-me que não irá meter-se em encrenca!
Ela acenou meio sem
jeito e eles fecharam a porta atravessando o suntuoso jardim alegremente em
direção ao carro de Helen. No entanto, enquanto Helen e Demétrio divertiam-se a
muitos quilômetros dali na festa de aniversário do pai da jovem, Viviane,
assustada tentava acalmar-se com um copo de uísque em meio ao sufocante calor
da tarde dourada de verão. A mulher apreensiva sentia uma terrível ameaça no
ar. Sua morte estava próxima. Ela sabia-o. A coisa estava rondando sua vida e
ela necessitava impedir-lhe. Aflita ligou o som dos Paralamas do Sucesso e
engoliu o uísque pensando em uma maneira de salvar-se.
Ela precisava da
ajuda de alguém que realmente entendesse do assunto. Ela pegou o telefone e
discou o número de uma amiga sua que era vidente e jogava cartas. Talvez de
alguma forma, Julia, poderia ser lhe útil com seus conhecimentos sobre os
mistérios e segredos do universo. Vinte minutos depois, Julia e vivi encontravam-se em um restaurante
próximo ao sobrado da dona de casa. Juliana era uma mulher negra, esguia e
muito atraente para sua idade. Vestia-se muito bem, usava pequenos óculos e
tinha aparência calma e sóbria.
As duas sentaram-se
na mesa do belo e movimentado restaurante e Juliana disse:
- Vivi. Sinto algo
estranho. Uma energia ruim no ar. –a mãe de Demétrio olhou a amiga assustada.-
Algo esta terrivelmente errado com você, sinto como se uma coisa ruim estivesse
para acontecer-te.
- Minha querida
amiga. –disse a mulher com a voz sibilante.- Eu procurei-te porque... meu Deus!
Relutei muito em encontrar-te. Mas acredito que não há mais como adiar nossa
conversa. –disse Vivi chorosa.- Eu preciso de sua ajuda.- e então enquanto Juliana ouvia –a atenta, a
senhora contou detalhadamente todas as coisas horríveis que haviam-lhe
acontecido desde a morte do marido.
Julia, olhava-a
aturdida, e, após a narrativa, ficou em silencio por alguns instantes. Disse:
- Querida. Quero
que fique calma e escute-me atentamente. –disse a outra séria. – Creio que está
em sério perigo e que despertou a ira de um inimigo terrivelmente poderoso.-
disse a mulher respirando fundo e tentando passar confiança.- A maioria das
pessoas, pressente a própria morte.- disse a bela mulher.- Mas a grande maioria
destas pessoas, conforma-se e aceita o destino. No entanto há o outro grupo. O
grupo que não aceita e luta duramente para que a própria vida não cesse de
maneira tão abrupta. Você faz parte deste grupo, Vivi, você lutou contra o
destino. Você atravessou a pós vida, e quando o fez, aconteceu-te algo que
acontece com algumas pessoas. Você voltou com um dom.
- Um dom?-perguntou
Vivi com olhar triste.
- Sim. Você voltou
com o dom de impedir a morte. Você prevê mortes. Você sabe quando as pessoas
irão morrer. No entanto, seu dom, é um empecilho para uma criatura
terrivelmente cruel e impiedosa. Muitas pessoas não comportam-se bem durante a
vida, fazem coisas ruins, e quando morrem são levadas para um lugar muito ruim.
O purgatório. Onde pagarão por seus pecados e crimes. As criaturas que reinam
no purgatório a torturar as almas pecadoras, a muito foram banidas do céu, e
como vingança, desejam desviar os humanos do caminho do bem para leva-los ao
sofrimento eterno. Acontece que quando, uma pessoa, que levou uma vida errônea,
tem a chance de mudar as coisas quando sua morte é impedida, quando esta pessoa
tem uma segunda chance e pode apagar os próprios erros fazendo as coisas de
forma diferente nesta nova chance, na próxima que as circunstancias levarem-na
ao comprimento da própria jornada na terra, talvez esta mesma pessoa não vá
mais ao purgatório, acendendo assim a ira destes seres infernais, e de um ser
que encarrega-se de fazer a travessia destas pobres almas para o purgatório.
Entende agora?
- Sim. –respondeu
Vivi.- A coisa é esta criatura que leva as almas para o inferno.
- Sim. –respondeu
Julia assustada.- É o ceifeiro. E esta criatura esta atrás de você amiga. Esta
criatura não permitirá que você salve mais vidas que podem estar destinadas ao
purgatório. Esta criatura deseja elimina-la! Esta premonição que teve hoje,
antes de seu filho sair, é sobre o momento em que esta criatura virá acertar as
contas contigo. É o momento em que o ceifeiro virá ceifar- lhe a vida por
vingança.
- Meu Deus!
–exclamou a senhora horrorizada. – E como posso impedi-lo? Como posso
salvar-me? Há alguma espécie de magia ou ritual... alguma coisa que me livre
desta criatura horrível?
- Eu sinto muito.
Vou pesquisar um pouco e depois digo-te. O que esta a acontecer-lhe é muito
raro querida. Certamente há poucos registros e textos que possam ser-nos de
alguma importância. Mas acredite. Farei o possível. Esteja certa disto!
Naquela noite a
senhora de fartos cabelos ruivos, teve sonhos inquietantes. Algo dizia-lhe que
o ceifeiro estava por perto e que estava prestes a cumprir sua terrível
vingança. Por vezes ela acordava com a sensação de estar sendo observada ou de
ter sido tocada. A coisa estava brincando com ela. E era uma brincadeira
terrivelmente cruel. Na manhã seguinte, como Demétrio dormira na casa de Helen,
Vivi decidiu fazer uma caminhada pelo parque no centro da cidade para ver se
conseguia acalmar-se daquela terrível aflição. No entanto, enquanto andava
apressadamente em meio as frondosas arvores esverdeadas ao som dos pássaros
afoitos em meio ao céu azulado da manhã, a mulher teve a impressão de ouvir uma
gargalhada rouca.
No entanto não
havia ninguém por perto aquela hora da manhã.
Ela voltou a
caminhar, agora mais apressada, a brisa suave tocava-lhe o rosto sombriamente.
As folhas agitavam-se como que a conspirarem. Ela sentou-se sobre um banco
nervosa. Alguns caminhantes passaram sobre ela a tagarelarem distraidamente.
Vivi sentia-se tonta e confusa. A brisa sinistra continuava a tocar-lhe o
rosto. As grandes árvores verdes passavam por ela enquanto andava aflita.
- Vais morrer.
–disse uma voz rouca.
Ela olhou para os
lados atenta. Um homem com uma menina gargalhavam alegremente do outro lado da
pista. Ela decidiu que talvez fosse o momento de abandonar o parque. Precisava
voltar para casa. Não estava muito bem. Ela caminhou pela pista e discou o
número de Demétrio automaticamente.
O celular do rapaz
no entanto encontrava-se na secretária eletrônica.
- Filho. –disse
ela. – Poderia vir até o parque buscar-me? – ela saia do parque e caminhava
pelas ruas agora movimentadas da grande metrópole. Pessoas acotovelavam-se
falando entre si e ao telefone. Carros barulhentos andavam em meio ao transito
caótico. – Estou no trajeto do parque para o sobrado. Venha a pé. O transito
esta terrível e eu estou passando mal. – Desorientada, ela olhava para a rua
tentando localizar o caminho. Sem perceber entrou em um enorme complexo de
apartamentos.
- Vais morrer.
–disse novamente a voz sombria do ceifeiro maldito em sua mente. Ela caminhava
apreensiva. As luzes piscavam macabramente. Ela observava o local desconhecido
assustada. Ele estava por perto. Ele
iria mata-la naquele mesmo momento. É
agora. Dizia a voz rouca. Ela
vasculhava os corredores com os olhos, lembrou-se da visão. Era aquele o lugar!
Era aquele o maldito lugar. O lugar onde sua vida teria fim. Precisava sair
dalí. Apressou-se em virar em direção a saída não muito longe. Neste instante
uma explosão alastrou-se pelo corredor. As chamas brilharam a sua frente agora
no seu caminho. Lambendo o corredor. Ela ouviu pessoas gritando apavarodas. As
chamas incandescentes e amarelas hipnotizavam-a. Conforme-se. Dizia a voz maldita. Ela começou a caminhar em meio ao
fogo dourado brilhante que varria e destrúia o corredor de mármore. Sua roupa
estava ensopada de suor e seu nariz abafado e ressecado pelas fumaças que
brotavam do incêndio. Ela continuava a andar. Coisas quebravam-se, destruíam-se
e explodiam em torno dela. Seus olhos ardiam em desespero e calor. Ela
atravessava corredores e pessoas desesperadas passavam por ela gritando.
Viviane sentia suas pernas enfraquecerem-se, sufucava-se rapidamente com o
calor. Uma viga soltou-se e caiu resplandecente contra o chão. Ela virou-se
desesperada. Precisava encontrar a droga da saída. Precisava manter-se longe
daquelas colunas que desabavam violentamente arruinando a construção. Pessoas
passavam por ela, ela caminhou mais um pouco, um homem encontrava-se com uma
corda presa ao pescoço. Estava morto. Ela entrou em uma ante sala varrida pelo
fogaréu, enormes colunas de mármore tombavam estatelando-se resfolegantes
contra o chão.
- Meu Deus!
Ajude-me! –exclamou ela em prantos enquanto uma explosão varria parte do enorme
salão. Ela continuava a seguir debilmente. Uma janela explodiu e cacos de vidro
voaram-lhe sobre o rosto. As chamas pareciam gargalhar em uma canção maldita e
fúnebre. Brilhando e alastrando-se em meio as paredes arruinando-as. Ela caiu
contra o chão. Foi neste instante que ouviu passos apressados, a enorme coluna
agora prendia suas pernas dormentes. Ela sentiu a força esvair-se lentamente
aos poucos. Morra! Morra! Morra!
Sussurravam as chamas.
- Vai explodir!
–alguém desesperado gritou ao fundo.
MORRA!
Morra! MORRA!
- Mamãe!- exclamou
Demétrio sorrindo.- Finalmente te achei mamãe? –dizia o rapaz em meio as
chamas.
De-repente ela
lembrou-se da premonição. No momento em que o filho conseguisse ajuda-la o
prédio explodiria de vez matando a ambos. Ela gritou:
- Querido! Querido!
Escute-me bem! – dizia ela tentando reconhece-lo em meio a fumaça.- Preciso de
ajuda. Vá buscar ajuda! –disse ela desesperada.
- Eu vou tira-la
daí mamãe. Espere um instante sim.
Ela olhou-o
apavorada:
- Não! –exclamou.-
É muito pesado. Precisa ir encontrar ajuda. Vá! Agora! Ou não resistirei! –
gritava. Com toda sua vida ela gritava. Demétrio indeciso virou-se, correndo em direção a porta. Ela
sorriu. E como sorriu. Sorriu enlouquecidamente. Salvara Demétrio! Morreria mas
salvara Demétrio. Em breve iria para bem longe daquela coisa. Iria para um
lugar bom. Onde não haveriam premonições ou acidentes ou mortes. Ela sorriu.
Ela estava feliz. O fogo já não mais a queimava. Porque ela enfim teria paz.
Ela viveria para sempre. E então...
O fogo brilhou
resplandecente, dourado. E tudo finalmente acabou. As chamas varreram o local impiedosas. E a dor acabou. A dor acabou para
todo o sempre.
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Dois meses depois
Demétrio colocou flores sobre a foto da mãe e de dezenas de pessoas.
- Eu nunca
esquecerei-a.-disse o rapaz infeliz.- Ela sempre será uma heroína para mim. A
maior heroína que conheci. Ela era uma mulher especial e... e agora Deus há de
cuida-la eternamente, porque, por Deus Helen, eu amava muito aquela mulher.
–disse o rapaz abraçado a jovem garota com lágrimas nos olhos.
- Esta tudo bem
agora querido. Ela o amava mais do que tudo neste mundo. –disse a jovem com um
sorriso triste.- Sei, eu sei que ela esta feliz pelo homem que se tornou. Que
ela esta feliz. Que ela esta esperando-o. E que algum dia ambos haverão de
encontrar-se em um lugar melhor. Mas agora, agora precisa viver. Este é o
presente que ela deixou-te com amor! A vida! Viva Demétrio! Seja feliz por ela!
Eles observavam e
enorme monumento deixado para as vítimas do incêndio do Prédio Maria das Dores.
Ele sorriu.
- Eu a amo Helen
querida. Eu a amo. Quero ter um filho com você, querida.
- Tudo ao seu
tempo. –disse ela enquanto caminhavam pelo jardim do que erguia-se majestoso onde
um dia fora um gigantesco predio prédio. Demetrio abraçou-a com força. Aquela
garota especial era tudo o que ele tinha desta vez. E era a garota que ele
amava como ninguém mais. Ele sabia que no futuro poderia faze-la muito feliz e
que amariam-se muito pois ambos completavam-se de forma inimaginável. Eles
caminhararm até o carro enquanto o sol dourado banhava a tarde de sábado na
bela metrópole.O carro seguia lentamente pelas ruas enquanto Helen abraçava-o e
de forma sedutora. O carro seguia lentamente.
- Helen. –chamou
ele quando finalmente chegaram no sobrado. – Acorde.
Ela sorriu com
carinho.
- Olá amor. –disse ele com delicadeza. –
Chegamos, Eles desceram do carro e caminharam até a mansão.- Helen?- perguntou assustado.
– Você ouviu isto?
- Não querido.
–disse ela sorrindo.- O que ouviu?
- Não sei.- disse
ele.- Uma espécie de sussurro talvez.
- É imaginação sua.
–disse ela.
- Talvez. –disse
ele e entraram no casarão.
Fim
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