quarta-feira, 9 de maio de 2012

História Sombria de Hoje: O Acidente(4)


Na História Sombria de hoje conclui-se a história de Vivi. Em um final surpreendente a pobre mulher lutará pela própria vida em um desenlace tragico e deveras arrepiante. Veja agora o final desta história de de perigos nefastos e descubra a revelação perturbadora que trará a tona tudo o que nossa heroina mais temia...
 
Fogo.
Era tudo o que ela podia ver. Muito fogo. O incêndio alastrava-se por todos lugares imaginaveis. Pessoas gritavam desesperadas. As chamas invadiam o salão impiedosas e bruxoleantes. Pessoas gritavam e saltavam das janelas. A fumaça suvocava-a. É você. Deve morrer vadia. Dizia a coisa em sua mente. Vai morrer. Pagar por sua ousadia! Viviane estava caída e ofegante em meio a fumaça  ardente. Demétrio segurava-lhe a mão. Ela precisava sair dalí. Urgentemente. Neste instante uma enorme coluna de mármore caiu sobre eles. Demetrio ficou preso entre as ferragens. Foi então que a explosão matou a ambos.
- Mãe? A senhora esta bem?-perguntou Demetrio sorrindo. Vivi olhou em torno de si aflita, passou as débeis e longas mãos sobre a cabeleira ruiva. Demetrio encarava –a atento.- Escutou o que acabei de dizer sobre as partidas de tênis do clube?
- Eu tive outra visão.- disse ela com medo.
- Outra visão? Ora mamãe. Não vá meter-se em uma nova encrenca como a  alguns meses atrás quando aquele louco tentou mata-la. Acredito que é hora de a senhora começar a guardar estas premonições somente para si mesma. Depois daquele episódio terrível com aquele psicopata, tenho certeza de que a senhora não deve mais tentar impedir estas tragédias horrendas. Espero que os últimos acontecimentos tenham de alguma forma servido-lhe de lição. Não devemos insistir sobre mudar o destino. É uma vontade maior sobre certas vidas terminarem como esta escrito por Deus. Não devemos tentar mudar o que já esta escrito nas linhas do destino. Estou certo de que deve tomar isto por lição.
Vivi continuava com os olhos negros fixos no nada. Os dois encontravam-se  na aconchegante sala de estar do exuberante sobrado que com a morte de Felipe, passava agora a pertencer a Vivi e a Demétrio. A porta que dava para o agradável jardim estava entreaberta e o sol de verão entrava-lhe pelas vidraças delicadas. Vivi sentada no aconchegante sofá de couro, olhava para o nada apavorada. Disse:
- Eu sonhei com a nossa morte Demétrio. Eu sonhei com um incêndio em que ambos perderemos as vidas de forma trágica.
Neste instante ouviu-se o som da campainha ecoar pela bela sala de estar.
- Deve ser Helen. –disse Demétrio levantando-se apressado. – Depois conversamos sobre isto mãe. Hoje é sábado. Nada de mal pode acontecer em um dia lindo como este. Até mais!-  e antes que Viviane pudesse argumentar o rapaz já colocara os óculos escuros sobre o rosto e atravessara a porta alegremente.- Mãe. –disse ele colocando o braço sobre o ombro de Helen.- Porque não vem conosco? –perguntou o rapaz notando logo teimosia no rosto triste da mulher.- Prometa-me que não irá meter-se em encrenca!
Ela acenou meio sem jeito e eles fecharam a porta atravessando o suntuoso jardim alegremente em direção ao carro de Helen. No entanto, enquanto Helen e Demétrio divertiam-se a muitos quilômetros dali na festa de aniversário do pai da jovem, Viviane, assustada tentava acalmar-se com um copo de uísque em meio ao sufocante calor da tarde dourada de verão. A mulher apreensiva sentia uma terrível ameaça no ar. Sua morte estava próxima. Ela sabia-o. A coisa estava rondando sua vida e ela necessitava impedir-lhe. Aflita ligou o som dos Paralamas do Sucesso e engoliu o uísque pensando em uma maneira de salvar-se.
Ela precisava da ajuda de alguém que realmente entendesse do assunto. Ela pegou o telefone e discou o número de uma amiga sua que era vidente e jogava cartas. Talvez de alguma forma, Julia, poderia ser lhe útil com seus conhecimentos sobre os mistérios e segredos do universo. Vinte minutos depois,  Julia e vivi encontravam-se em um restaurante próximo ao sobrado da dona de casa. Juliana era uma mulher negra, esguia e muito atraente para sua idade. Vestia-se muito bem, usava pequenos óculos e tinha aparência calma e sóbria.
As duas sentaram-se na mesa do belo e movimentado restaurante e Juliana disse:
- Vivi. Sinto algo estranho. Uma energia ruim no ar. –a mãe de Demétrio olhou a amiga assustada.- Algo esta terrivelmente errado com você, sinto como se uma coisa ruim estivesse para acontecer-te.
- Minha querida amiga. –disse a mulher com a voz sibilante.- Eu procurei-te porque... meu Deus! Relutei muito em encontrar-te. Mas acredito que não há mais como adiar nossa conversa. –disse Vivi chorosa.- Eu preciso de sua ajuda.-  e então enquanto Juliana ouvia –a atenta, a senhora contou detalhadamente todas as coisas horríveis que haviam-lhe acontecido desde a morte do marido.
Julia, olhava-a aturdida, e, após a narrativa, ficou em silencio por alguns instantes. Disse:
- Querida. Quero que fique calma e escute-me atentamente. –disse a outra séria. – Creio que está em sério perigo e que despertou a ira de um inimigo terrivelmente poderoso.- disse a mulher respirando fundo e tentando passar confiança.- A maioria das pessoas, pressente a própria morte.- disse a bela mulher.- Mas a grande maioria destas pessoas, conforma-se e aceita o destino. No entanto há o outro grupo. O grupo que não aceita e luta duramente para que a própria vida não cesse de maneira tão abrupta. Você faz parte deste grupo, Vivi, você lutou contra o destino. Você atravessou a pós vida, e quando o fez, aconteceu-te algo que acontece com algumas pessoas. Você voltou com um dom.
- Um dom?-perguntou Vivi com olhar triste.
- Sim. Você voltou com o dom de impedir a morte. Você prevê mortes. Você sabe quando as pessoas irão morrer. No entanto, seu dom, é um empecilho para uma criatura terrivelmente cruel e impiedosa. Muitas pessoas não comportam-se bem durante a vida, fazem coisas ruins, e quando morrem são levadas para um lugar muito ruim. O purgatório. Onde pagarão por seus pecados e crimes. As criaturas que reinam no purgatório a torturar as almas pecadoras, a muito foram banidas do céu, e como vingança, desejam desviar os humanos do caminho do bem para leva-los ao sofrimento eterno. Acontece que quando, uma pessoa, que levou uma vida errônea, tem a chance de mudar as coisas quando sua morte é impedida, quando esta pessoa tem uma segunda chance e pode apagar os próprios erros fazendo as coisas de forma diferente nesta nova chance, na próxima que as circunstancias levarem-na ao comprimento da própria jornada na terra, talvez esta mesma pessoa não vá mais ao purgatório, acendendo assim a ira destes seres infernais, e de um ser que encarrega-se de fazer a travessia destas pobres almas para o purgatório. Entende agora?
- Sim. –respondeu Vivi.- A coisa é esta criatura que leva as almas para o inferno.
- Sim. –respondeu Julia assustada.- É o ceifeiro. E esta criatura esta atrás de você amiga. Esta criatura não permitirá que você salve mais vidas que podem estar destinadas ao purgatório. Esta criatura deseja elimina-la! Esta premonição que teve hoje, antes de seu filho sair, é sobre o momento em que esta criatura virá acertar as contas contigo. É o momento em que o ceifeiro virá ceifar- lhe a vida por vingança.
- Meu Deus! –exclamou a senhora horrorizada. – E como posso impedi-lo? Como posso salvar-me? Há alguma espécie de magia ou ritual... alguma coisa que me livre desta criatura horrível?
- Eu sinto muito. Vou pesquisar um pouco e depois digo-te. O que esta a acontecer-lhe é muito raro querida. Certamente há poucos registros e textos que possam ser-nos de alguma importância. Mas acredite. Farei o possível. Esteja certa disto!
Naquela noite a senhora de fartos cabelos ruivos, teve sonhos inquietantes. Algo dizia-lhe que o ceifeiro estava por perto e que estava prestes a cumprir sua terrível vingança. Por vezes ela acordava com a sensação de estar sendo observada ou de ter sido tocada. A coisa estava brincando com ela. E era uma brincadeira terrivelmente cruel. Na manhã seguinte, como Demétrio dormira na casa de Helen, Vivi decidiu fazer uma caminhada pelo parque no centro da cidade para ver se conseguia acalmar-se daquela terrível aflição. No entanto, enquanto andava apressadamente em meio as frondosas arvores esverdeadas ao som dos pássaros afoitos em meio ao céu azulado da manhã, a mulher teve a impressão de ouvir uma gargalhada rouca.
No entanto não havia ninguém por perto aquela hora da manhã.
Ela voltou a caminhar, agora mais apressada, a brisa suave tocava-lhe o rosto sombriamente. As folhas agitavam-se como que a conspirarem. Ela sentou-se sobre um banco nervosa. Alguns caminhantes passaram sobre ela a tagarelarem distraidamente. Vivi sentia-se tonta e confusa. A brisa sinistra continuava a tocar-lhe o rosto. As grandes árvores verdes passavam por ela enquanto andava aflita.
- Vais morrer. –disse uma voz rouca.
Ela olhou para os lados atenta. Um homem com uma menina gargalhavam alegremente do outro lado da pista. Ela decidiu que talvez fosse o momento de abandonar o parque. Precisava voltar para casa. Não estava muito bem. Ela caminhou pela pista e discou o número de Demétrio automaticamente.
O celular do rapaz no entanto encontrava-se na secretária eletrônica.
- Filho. –disse ela. – Poderia vir até o parque buscar-me? – ela saia do parque e caminhava pelas ruas agora movimentadas da grande metrópole. Pessoas acotovelavam-se falando entre si e ao telefone. Carros barulhentos andavam em meio ao transito caótico. – Estou no trajeto do parque para o sobrado. Venha a pé. O transito esta terrível e eu estou passando mal. – Desorientada, ela olhava para a rua tentando localizar o caminho. Sem perceber entrou em um enorme complexo de apartamentos.
- Vais morrer. –disse novamente a voz sombria do ceifeiro maldito em sua mente. Ela caminhava apreensiva. As luzes piscavam macabramente. Ela observava o local desconhecido assustada. Ele estava por perto.  Ele iria mata-la naquele mesmo momento. É agora.  Dizia a voz rouca. Ela vasculhava os corredores com os olhos, lembrou-se da visão. Era aquele o lugar! Era aquele o maldito lugar. O lugar onde sua vida teria fim. Precisava sair dalí. Apressou-se em virar em direção a saída não muito longe. Neste instante uma explosão alastrou-se pelo corredor. As chamas brilharam a sua frente agora no seu caminho. Lambendo o corredor. Ela ouviu pessoas gritando apavarodas. As chamas incandescentes e amarelas hipnotizavam-a. Conforme-se. Dizia a voz maldita. Ela começou a caminhar em meio ao fogo dourado brilhante que varria e destrúia o corredor de mármore. Sua roupa estava ensopada de suor e seu nariz abafado e ressecado pelas fumaças que brotavam do incêndio. Ela continuava a andar. Coisas quebravam-se, destruíam-se e explodiam em torno dela. Seus olhos ardiam em desespero e calor. Ela atravessava corredores e pessoas desesperadas passavam por ela gritando. Viviane sentia suas pernas enfraquecerem-se, sufucava-se rapidamente com o calor. Uma viga soltou-se e caiu resplandecente contra o chão. Ela virou-se desesperada. Precisava encontrar a droga da saída. Precisava manter-se longe daquelas colunas que desabavam violentamente arruinando a construção. Pessoas passavam por ela, ela caminhou mais um pouco, um homem encontrava-se com uma corda presa ao pescoço. Estava morto. Ela entrou em uma ante sala varrida pelo fogaréu, enormes colunas de mármore tombavam estatelando-se resfolegantes contra o chão.
- Meu Deus! Ajude-me! –exclamou ela em prantos enquanto uma explosão varria parte do enorme salão. Ela continuava a seguir debilmente. Uma janela explodiu e cacos de vidro voaram-lhe sobre o rosto. As chamas pareciam gargalhar em uma canção maldita e fúnebre. Brilhando e alastrando-se em meio as paredes arruinando-as. Ela caiu contra o chão. Foi neste instante que ouviu passos apressados, a enorme coluna agora prendia suas pernas dormentes. Ela sentiu a força esvair-se lentamente aos poucos. Morra! Morra! Morra! Sussurravam as chamas.
- Vai explodir! –alguém desesperado gritou ao fundo.
MORRA! Morra! MORRA!
- Mamãe!- exclamou Demétrio sorrindo.- Finalmente te achei mamãe? –dizia o rapaz em meio as chamas.
De-repente ela lembrou-se da premonição. No momento em que o filho conseguisse ajuda-la o prédio explodiria de vez matando a ambos. Ela gritou:
- Querido! Querido! Escute-me bem! – dizia ela tentando reconhece-lo em meio a fumaça.- Preciso de ajuda. Vá buscar ajuda! –disse ela desesperada.
- Eu vou tira-la daí mamãe. Espere um instante sim.
Ela olhou-o apavorada:
- Não! –exclamou.- É muito pesado. Precisa ir encontrar ajuda. Vá! Agora! Ou não resistirei! – gritava. Com toda sua vida ela gritava. Demétrio indeciso  virou-se, correndo em direção a porta. Ela sorriu. E como sorriu. Sorriu enlouquecidamente. Salvara Demétrio! Morreria mas salvara Demétrio. Em breve iria para bem longe daquela coisa. Iria para um lugar bom. Onde não haveriam premonições ou acidentes ou mortes. Ela sorriu. Ela estava feliz. O fogo já não mais a queimava. Porque ela enfim teria paz. Ela viveria para sempre. E então...
O fogo brilhou resplandecente, dourado. E tudo finalmente acabou. As chamas varreram o local  impiedosas. E a dor acabou. A dor acabou para todo o sempre.
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Dois meses depois Demétrio colocou flores sobre a foto da mãe e de dezenas de pessoas.
- Eu nunca esquecerei-a.-disse o rapaz infeliz.- Ela sempre será uma heroína para mim. A maior heroína que conheci. Ela era uma mulher especial e... e agora Deus há de cuida-la eternamente, porque, por Deus Helen, eu amava muito aquela mulher. –disse o rapaz abraçado a jovem garota com lágrimas nos olhos.
- Esta tudo bem agora querido. Ela o amava mais do que tudo neste mundo. –disse a jovem com um sorriso triste.- Sei, eu sei que ela esta feliz pelo homem que se tornou. Que ela esta feliz. Que ela esta esperando-o. E que algum dia ambos haverão de encontrar-se em um lugar melhor. Mas agora, agora precisa viver. Este é o presente que ela deixou-te com amor! A vida! Viva Demétrio! Seja feliz por ela!
Eles observavam e enorme monumento deixado para as vítimas do incêndio do Prédio Maria das Dores. Ele sorriu.
- Eu a amo Helen querida. Eu a amo. Quero ter um filho com você, querida.
- Tudo ao seu tempo. –disse ela enquanto caminhavam pelo jardim do que erguia-se majestoso onde um dia fora um gigantesco predio prédio. Demetrio abraçou-a com força. Aquela garota especial era tudo o que ele tinha desta vez. E era a garota que ele amava como ninguém mais. Ele sabia que no futuro poderia faze-la muito feliz e que amariam-se muito pois ambos completavam-se de forma inimaginável. Eles caminhararm até o carro enquanto o sol dourado banhava a tarde de sábado na bela metrópole.O carro seguia lentamente pelas ruas enquanto Helen abraçava-o e de forma sedutora. O carro seguia lentamente.
- Helen. –chamou ele quando finalmente chegaram no sobrado. – Acorde.
Ela sorriu com carinho.
-  Olá amor. –disse ele com delicadeza. – Chegamos, Eles desceram do carro e caminharam até a mansão.- Helen?- perguntou assustado. – Você ouviu isto?
- Não querido. –disse ela sorrindo.- O que ouviu?
- Não sei.- disse ele.- Uma espécie de sussurro talvez.
- É imaginação sua. –disse ela.
- Talvez. –disse ele e entraram no casarão. 
 Fim

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