Na cidade de Santos inúmeras lendas
existem em torno do cemitério de Paquetá. Talvez a mais impressionante delas e
porque não dizer a mais triste seja sobre Maria Cerejeira. Durante o início do
Século passado, muito se disse sobre a aparição de uma mulher vestida de luto
que vagava infeliz no cemitério, nas manhãs frias de Julho.
Segundo um jornal local inúmeras
pessoas na época afirmavam ter visto a estranha aparição. A alma atormentada
seguia infeliz pelas vielas, iluminadas pela tênue luz dos lampiões a gás a
chorar infeliz e vestida de negro.
A tensão entre os moradores
cresceu e muitos acabaram por passar a noite em torno do assustador e
gigantesco cemitério esperando encontrar-se com o espírito que assombrava o local.
Neste texto, conheceremos a lenda sobre esta misteriosa assombração que
confundiu e amedrontou a bela cidade de Santos no início do século passado...
A Lenda: Maria O EsPírito Que
Vaga
Maria
era uma jovem bonita ia todos os dias a Igreja como era costume de sua família
muito religiosa. Fazia orações e retirava-se para sua casa para ler as revistas
de moda. A jovem era esperta e um tanto quanto despojada para os costumes da
época. Isto deixava Mario, o seu pai, já idoso, extremamente zangado. A jovem,
com beleza estonteante, encantava os rapazes da cidade e era cobiçada nas
festas que a família frequentava. No entanto, Mario achava isto inoportuno,
pois possuía grande medo de que a bela jovem ficasse mal falada perante a
sociedade e graças a isto, o velho, mau humorado, tentava a todo custo conter
os anseios da delicada garota.
No
entanto, Maria, quando assistia as missas na bela Basílica da cidade,
encantava-se, com o passar do tempo, com a beleza e o carisma do novo sacristão
da bela igreja. Um homem era belo de cabelos negros escuros e pele bronzeada.
Enquanto o belo rapaz pronunciava os textos em latim, certo dia, em uma manhã
fria, enquanto via a missa, Maria pegou-se suspirando, enternecida com os
encantos do jovem. E então, naquela noite fria de inverno, enquanto
contorcia-se em seu quarto tremula de ansiedade, a bela jovem descobriu-se apaixonada
pelo sacristão.
Enquanto
os dias passavam-se, a bela jovem, aflita e apaixonada, tentava ansiosamente
conter-se na frente do sacristão. O jovem encantava-a, e assombrava suas noites
gélidas em seu quarto no casarão, trazendo estranhos pensamentos pecaminosos
para a intimidade do quarto da garota. Certa tarde, Maria, não mais suportou.
Decidiu declarar o seu amor ao rapaz em um acesso de loucura. Caminhou aflita
até a basílica e encontrou o jovem rapaz limpando um castiçal de prata. Quando
o belo rapaz encarou-a com os olhos acinzentados e profundos, a jovem ansiosa,
sentiu as pernas perderem as forças. Mas estava decidida a contar-lhe sobre
seus sentimentos e descobrir se era de alguma forma correspondida.
Armando,
o padre, ficou surpreso por receber a visita da jovem. E perguntou-lhe
atentamente em que podia ser útil.
-
Eu... preciso dizer-te uma coisa.- disse a bela jovem que parecia aflita e
ansiosa.- Podemos ir até a sacristia? –perguntou-lhe a jovem que sentia-se
intimidada pelas imagens que pareciam observa-la com desaprovação.
-
Porque não?-perguntou-lhe o rapaz com um sorriso no rosto.- Siga-me.
Os
passos de ambos retumbaram pelo local sombriamente. A moça pensava seriamente
sobre desistir. A sacristia estava limpa e bem arrumada. O rapaz pediu a jovem
para que sentasse-se e com os olhos curiosos interpelou-a em silencio sobre o
motivo de sua visita.
-
Eu realmente sinto muito. –disse-lhe a moça.- Mas estou enamorada por você. Não
mais consigo dormir ou pensar em outra coisa, Armando. Meus pensamentos sempre
direcionam-se a você! Estou enlouquecendo. Eu sei que isto é errado. Eu sei que
é um grande pecado. –disse a jovem colocando delicadamente a mão sobre a do
sacristão.- Mas eu precisava que soubesse. Eu... nescessito ser correspondida.
Eu necessito dos teus olhos, do teu sorriso. Eu nunca amei ninguém pois sou
nova e inexperiente... Mas estou a arder-me de desejo pelo senhor. Por favor,
padre, não repudie-me. Apenas retribua-me este amor que é tão grande... –disse
a jovem com os cálidos olhos azuis a brilharem com resolução e veemência.
-
Esta louca! –exclamou o homem de-repente corado e confuso.- Vem até a Igreja
para dizer-me barbaridades como esta? Como pode senhorita! –exclamou perplexo.-
Retire-se daqui agora mesmo! –exclamou horrorizado. A jovem, congelada de
vergonha, saiu da sacristia a passos largos, abandonando o jovem padre
assustado no gélido local.
Naquela
noite, em seu quarto, o sacristão não pode deixar de lembrar-se das palavras de
Maria. E foi invadido por desejo e loucura. Ao lembrar-se dos olhos e das
palavras da jovem, seu corpo respondia de forma pecaminosa e sombria. O homem
bateu os joelhos sobre o altar e começou a rezar pedindo para que se afastasse
a tentação da beleza daquela mulher de seus pensamentos. Para que se afastasse
de sua mente imaginativa, as palavras doces e encantadoras daquela mulher que
era movida pelo mal. Ele precisava esquece-la. Não podia permitir que aquela
jovem se interpusesse contra os votos que fizera. Mas de nada isto
adiantou-lhe. Pois ele percebeu que a jovem despertava-lhe de forma misteriosa,
os instintos mais irracionais e
primitivos.
Antes
que pudesse perceber viu-se caminhando até a casa da jovem para falar-lhe
movido de más intenções que nunca julgara conhecer. Ao chegar na casa da jovem
apertou a campainha, mas assustado e arrependido virou-se para voltar para a
casa paroquial antes que fosse notado. Como fora tão intempestivo e deixara-se
mover pelo desejo daquela maneira?
-
Padre. Que bom ve-lo. –disse Mario o pai de Maria sorrindo alegre.
-
Olá. –disse o homem apreensivo.
-
O que deseja em minha humilde moradia?-perguntou-lhe o homem.
-
Vim ver Maria. –disse o rapaz sem saber por que motivo tomado de súbita
coragem.- Ela esta bem?
-
Sim. –respondeu o homenzinho.- Mas recusa-se a comer e esta desde ontem
trancada no quarto. Eu não sei o que aconteceu-lhe, mas esta muito deprimida.
–disse o homenzinho como se estivesse a acreditar que ele soubesse do
padecimento a garota.- Eu estou de saída para comprar um chá. Entre padre.
Faça-lhe companhia. Talvez possa abrandar sua angústia.
Após
Mário desaparecer na esquina, Armando subiu a escadas apreensivo. Encontrou
Maria pálida deitada com uma esvoaçante camisola branca na enorme cama de seu belo quarto. A
jovem olhou-o confusa:
-
Porque veio?-perguntou sádica.- Deseja tripudiar de meus sentimentos novamente?
E
neste instante levantou-se irônica:
-
Acha que sou uma qualquer?- disse a jovem levantando-se debilmente.- Eu o amo
padre. E não quero mais viver se não ao seu lado. –disse ela aproximando-se
vacilante. Neste instante caiu sem forças, mas foi amparada pelo rapaz. E então
beijaram-se ardentemente sobre a luz tênue do lampião. Ele despiu a ambos e
sobre os lençóis aconchegantes da cama consumaram seu amor.
Alguns
meses passaram-se e Maria passou a ter enjoos, e a sentir-se terrivelmente
indisposta. Numa noite escura e sombria foi encontrar-se com o padre:
-
Estou gravida. –disse com a voz trêmula.- Tenho os sintomas! –exclamou
horrorizada.
-
Oh céus!- ele exclamou abraçando-a e consolando-a naquela noite sombria. E
então em meio as luzes tênues, o jovem prometeu:- Amanhã eu falo com o seu pai.
Largarei a batina e nos casaremos. –prometeu o rapaz friamente. A jovem mais
animada seguiu para sua casa certa de que o sacristão manteria sua promessa e
que de alguma forma ruim, as coisas ao menos resolveriam-se. No dia seguinte,
no entanto, o rapaz não apareceu e nem no outro ou no outro. Desesperada, a
jovem caminhou apressadamente até a casa paroquial, onde soube que o padre
havia mudado-se e deixado-lhe uma carta:
“
Querida Maria
Não
me procure. Não posso viver com a vergonha de ter traído meus votos. Estou
sentindo-me imundo e acredito que estou enlouquecendo de receio. Estou partindo
para longe por estar desesperado e infeliz. Não me procure para falar deste
filho se não quiser que eu o negue. Espero que compreenda que o que se passou
entre nós foi apenas uma noite feliz da qual arrependo-me terrivelmente e não
quero envergonhar a minha família. Peço desculpas, mas não desejo conhecer esta
criança. Sem mais.
Armando”
Assustada
e infeliz, Maria contou ao pai sobre o bebê com o padre. O homem furioso,
expulsou-a de casa e agora a jovem passou a viver nas ruas com o pouco dinheiro
que seu primo mandava-lhe para sobreviver. Com o tempo foi ficando fraca e com
fome. A barriga estava grande e o corpo terrivelmente dolorido. Nas ruas Maria
era desprezada e mal falada pelas pessoas. O primo, um rapaz bom e caridoso,
ofereceu-se pedi-la em casamento para salvar-lhe a honra. Mas a jovem não
aceitou relutante por ainda amar ao padre desaparecido ardentemente.
Maria
morreu nas ruas. E seu espírito foi condenado a vagar pela terra como castigo
por seu amor pecaminoso. Há quem diz, que no cemitério, onde foi enterrada, nas
noite frias de inverno, Maria vaga, chorando por seu filho, que nunca teve
oportunidade de nascer.
O Mistério
Ainda
permanece o mistério sobre as aparições da pobre Maria no cemitério de Paquetá.
Muitas pessoas afirmam tê-la visto de luto a abrir os portões do cemitério e a
caminhar pelas ruas da cidade chorando pela morte de seu filho. Muitos são
céticos e acreditam piamente que não há a possibilidade da existência de
espíritos ou fenômenos sobrenaturais. Mas ainda existem pessoas que tem dúvida
repassam até os dias de hoje, a vida de Maria Cerejeiro e sua assustadora História Sombria...
nossa kk
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