domingo, 8 de abril de 2012

História Sombria de Hoje: O Acidente


No Histórias Assombradas de hoje...
Conheceremos Viviane, uma mulher madura e de meia idade que levava uma vida agradavel e comum. Mas por ironia do destino, essa doce mulher sofre um terrível acidentes e coisas ruins começam a acontecer-lhe, será que esta pratica dona de casa conseguirá sair viva depois de enfrentar seus mais sombrios medos e uma criatura das sombras que fará de tudo para elimina-la? Descubra a seguir:

O Acidente 
Primeira Parte 
Viviane dirigia o carro branco enquanto seu marido Felipe dormia calmamente no banco de passageiros. A mulher distraída observava a agradável e aconchegante  paisagem paradisiaca que rodeava-os enquanto o carro seguia lentamente em direção a Petrópolis. Enormes pinheiros, ipês e velhas arvores frondosas, colinas verdejantes e o céu límpido e azul resplandecente não deixavam de encanta-la deixando-a  extasiada e calma. Uma brisa fresca tocava-lhe os cabelos tingidos de cor de mel e seu rosto já tomado por algumas rugas, graças a idade que começava  a denunciar seus 58 anos, mostrava satisfação.
O sol quente e escaldante brilhava no céu iluminando encantadoramente as fazendas e os desfiladeiros de campos e vales. No radio ligado baixinho tocavam alguns clássicos da mpb e da musica erudita a que seu filho Demétrio e a namorada haviam presenteado-a. A jovem que agora era apaixonada por seu filho possuía um excelente gosto musical, e cantava e tocava como uma verdadeira e encantadora diva, era bom que a garota ajudasse a colocar um pouco de juízo na cabeça um tanto quanto vazia e desajuizada do filho. E agora graças ao esmero da jovem, ela podia dirigir, sobre aquele céu azul brilhante ao som daquela música deliciosa.
Neste instante os roncos sonoros de Felipe tornaram-se um balbuciar constrangido:
- Querida? Dormi por muito tempo?- perguntou-lhe o homem remexendo-se desajeitadamente e acendendo um cigarro.
- Não, anjo, acho que você cochilou por cerca de trinta minutos mais ou menos. Como foi o sono,  teve algum sonho em particular?- indagou timidamente a mulher observando um grupo de araras barulhentas cruzarem o céu em uma algazarra enlouquecida.
- Bem... –disse o homem ajeitando os óculos.- Eu tive alguns sonhos estranhos, nada interessante. Mal posso esperar para chegarmos na cidade para que eu possa ver minha irmã... –disse o homenzinho com um olhar sombrio.- Não sei porque, mas estou tendo uma sensação estranha desde que iniciamos a viajem, meu amor.
- Sensação estranha?-perguntou ela com um sorriso nervoso.- Ora Felipe! Deve ser aquele filme que você assistiu na t.v. a cabo do hotel ontem.
Ele olhou-a confuso e pálido. Viviane sentiu um estranho arrepio quando o homem disse:
- Acho que não vamos chegar a Petrópolis desta vez querida. Nós vamos morrer no caminho.
Ela sorriu nervosa:
- Ora Felipe, isto é loucura! –exclamou a mulher.- Não fale coisas assim! Francamente! Esta a me assustar!
- Nós não chegaremos! –voltou a exclamar o homem. – É como se uma voz interna ficasse a me repetir isto. –disse apreensivo.- É como se meu instinto estivesse me dizendo isto. Não vê esta estrada? Este sol maravilhoso? É como se fosse uma espécie de despedida. É como se esta beleza encantadora fosse algo anormal. Surreal. Esta tudo perfeito demais, pode entender-me Viviane?
A mulher olhava-o assustada. De certa forma ela também tinha aquela sensação. Algo gritava-lhe que qualquer coisa estava muito errada naquela viajem. Algo dizia-lhe que ela não veria a irmã e que ela não voltaria a ver Demétrio. Era uma sensação estranha e agorenta da qual ela tentava livrar-se repetidas vezes, mas que permanecia em seu intimo cobrando-lhe e afligindo-lhe macabramente.
- Isto é loucura.- sentenciou ela. O carro continuava a seguir pela rodovia ao som da música chorosa de Marisa Monte. Uma apreensão... O mal presságio continuava no ar... ASSUSTANDO-OS...
Viviane remexeu-se nervosa no veículo. Algo estava errado. Algo estava terrivelmente errado. ALGO ESTAVA ERRADO. A sensação atormentava- lhe, envenenava- lhe lentamente. A hora estava chegando. Ela precisava acalmar-se. Relaxar... Iria morrer em breve... tudo estaria bem em breve, não havia como evitar, em breve ela mergulharia na escuridão eterna... Ela olhou apreensivamente para o marido que dormia relaxado com a cabeça encostada sobre o delicado e macio banco do carro importado. Ele parecia tão bem... Era como se de alguma forma ele houvesse conformado- se com aquela sensação horrível. A sensação da morte. Uma garoa fria batia sobre o teto do carro, a paisagem tornava-se um verde húmido e encantado. As folhas das grandes árvores agitavam-se lentamente. Ao lado do carro surgia a visão paradisíaca de um grande vale com uma floresta e belas e atraentes propriedades rurais. O céu cinzento cobria pastos verdejantes onde as criações de gado paasseavam serenamente. As plantações de rosas e as matas agitavam-se, como que a chama-la, como que para agradá-la.
- Eu irei... eu irei morrer...- sussurrava Viviane com medo. – Oh Deus! Não quero!!! Não! Eu não quero morrer!!! –grunhia a mulher segurando com força no volante sem deixar-se encantar com a beleza hipnotizante que cercava-na.- Eu não quero! Oh céus! Oh céus!
Uma dor de cabeça invadia-a. Precisava fugir. Precisava sair daquele carro enorme e desagradavel. Estava sufocando-se naquele banco estofado. Era como se estivesse prestes a ser engolida... Não se acalmaria como o marido, não se contentaria em ter a vida interrompida em uma droga de acidente naquela maldita rodovia. A chuva aumentava. ErA AgOrA. Ela sabia. A qualquer momento. O carro iria derrapar e cair no despenhadeiro em meio as rochas.
- Eu não aceito! –dizia a mulher confusa e assustada. – Eu aceito morrer! Não permitirei-me morrer! –baulciliava. A chuva caía. Tornava-se tempestade. Era aquela a chuva que a mataria! Ela freiou o carro no acostamento. Aquilo era loucura! Estava atrasada! Nescessitava chegar a Petrópolis o mais rápido possível. Não podia simplesmente parar naquele acostamento e esperar aquela tempestade parar. Ela pensou em voltar a dirigir. Não podia desistir de uma viajem por causa de um mal presságio enloquecido? Podia? O vento uivava. Ela ligou a chave do carro. É AGORA. O carro grunhiu arrastadamente. Um caminhão surgiu sibilante  descendo a estrada em direção ao carro. É AGORA. Ela colocou a mão sobre a maçaneta do carro, mas esta recusava-se a abrir. É AGORA. É  aGoRa. O caminhão perdeu o freio e derrapou em direção a encosta. Hahaha! É agora!
Viviane desesperada tentava abrir a porta. Começou a bater contra o vidro claustrofóbica.  VAIS MORRER! Ahahahah! VAIS MORRER! Ela continuava a bater. De novo. De novo e de novo. O caminhão pendia sobre o carro amassando a parte dianteira.
O vidro começou a ceder lentamente... O caminhão bateu contra o carro fazendo com que este se inclinasse. O vidro estava despedaçando-se lentamente. Ela continuava a bater. O carro pendia na encosta, logo desceria e seria o fim. Viviane virou-se assustada e pegou o extintor de incêndio, reunindo toda sua força fez com que o vidro se depedaçasse em mil pequenos pedaços.
- Não deixe-me! –exclamou Felipe com os olhos arregalados puxando-na para perto dele.- Não vá.
O caminhão pendia e o carro deslizava pelo desfiladeiro em meio a tempestade. Viviane tentava soltar o cinto de Felipe, mas este estava preso. Ele segurava-a com força e em desespero:
- Não me deixe.-  grunhia.
O caminhão arremessou o carro no desfiladeiro no instante em que Viviane desesperada desistiu de salvar o marido e arrastou-se pela janela estraçalhada para fora do carro lentamente. Parada sobre grama e relva molhada a senhora viu o caminhão arrastar o carro pelo desfiladeiro tombando-se ambos em meio as pedras e caindo violentamente rodopiando pela encosta enquanto estraçalhavam-se e amassavam-se horrendamente destruindo-se, explodindo-se e incendiando-se e contra as rochas pontiagudas.
E então Viviane soube haver salvado- se da morte certa.
(Continua... )

2 comentários:

  1. Adorei!!!
    To louca pra ver o final.....

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  2. rs Que doido... Estou com frio no estomago.
    Não nos faça esperar..anda logo com isso. rs

    bjos...adorei seu espaço.

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